
foto:divulgação

Adilson Anderle
A música como aliada na melhora da
produção de suínos
Mudanças no tratamento oferecido aos animais pode fazer o lucro aumentar na venda dos animais
Poucos produtores de suínos se preocupam com o bem estar animal, porem é importante salientar que diferente do que muitos pensam, não é apenas a genética que influência na hora da cria. Estímulos externos se dados na proporção correta, fazem com que as fêmeas produzam mais e aumentem a produção. É o caso do produtor Adilson José Reolon, da cidade de Quedas do Iguaçu – PR, que tem na sua propriedade 122 fêmeas.
A partir do momento que ele sonorizou o ambiente os animais ficaram mais tranquilos e não se assustam com facilidade diante da entrada de funcionários na maternidade. De acordo com a Mestra em Suinocultura Meiriele Piassa isso tem uma explicação: “se o animal estiver em um local onde está propício a estresse, com temperatura desagradável, muito quente ou muito frio, e funcionários trabalhando dentro das granjas faz com que o animal fique estressado e a primeira consequência disso é a diminuição no número de leitões. Dessa forma a fêmea estando em um local adequado irá produzir um número maior de filhotes, consequêntemente ela vai ter uma produção maior de leite e os leitões se desenvolverão mais rapidamente”.
A música vem de forma positiva ajudar o suinocultor para o aumento da produção. Porém junto com a música, há outros fatores que influênciam e ajudam a garantir o sucesso no aumento da produção. O primeiro deles é a genética, a escolha entre a inseminação artificial ou a monta natural diferencia o número de leites por fêmea. O bem estar animal, ambiente limpo, tranquilo, temperatura adequada, com uma música no fundo, trará resultados positivos para o produtor. Meirile esclarece o motivo dessa melhora na produção, “a música no ambiente serve para deixar os animais mais tranquilos, consequentemente esmagam menos animais, não mordem, se alimentam melhor, logo produzem mais leite, os leitões se alimentam melhor e se desenvolvem mais rápido”.
Dentro da suinocultura há um ciclo bem completo para o sistema de produção. Em primeiro plano há a genética do animal, o principal responsável pelo número de leitões de uma fêmea. O manejo vem em segundo plano onde o produtor deve saber como lidar com o animal, ter funcionários aptos, alguém que saiba como diagnosticar o cio de uma fêmea, saiba como inseminar, não deixe passar cio e forneça alimentação de forma adequada aos animais. Ainda temos a biosseguridade que são as medidas trabalhadas diariamente na granja para evitar que os micro-organismos entrem em contato com o sistema de produção, isso se dá evitando que pessoas estranhas fiquem passeando pela granja, circundando a área com tela para que outros animais não tenham contato com os suínos, plantando árvores em torno dos chiqueiros e ter o local o mais distante possível da área residencial. E por último, mas não menos importante o bem estar, onde o produtor proporciona uma melhor qualidade de vida ao animal. Meirele ressalta que “não adianta o suinocultor investir em animais com uma ótima genética, se você não tiver os cuidados com a biosseguridade, bem estar e manejo”.
Ao chegar à propriedade do senhor Reolon, logo me deparo com uma placa “NÃO ENTRE SEM SER CONVIDADO”, o que demonstra que estão seguindo a risca as orientações da biosseguridade.
“Temos essa placa para que as pessoas não entrem nos chiqueiros sem pedir permissão, nunca negamos a alguém entrar no chiqueiro, o que evitamos é que as pessoas entrem no momento que não pode, ou então, entrem junto comigo, com meu irmão ou com meu pai, pois diariamente as porcas criam, e ao entrar acaba assustando o animal e prejudicando oparto”, ressalta o agricultor. Passando pelo cercado, percebo que a granja é toda cercada por árvores e longe das residências.
A maternidade fica em meio aos locais onde ficam os animais em outras fases, como a creche, que são animais que estão em fase de venda e a gestação, onde os animais ficam após serem inseminadas. Chegando a maternidade, logo o que percebo é a música, um volume agradável, nem muito alto, nem muito baixo, tocando na frequência de uma rádio local, ao entrar no local percebo a diferença, as porcas nem se quer fazem barulhos, não notam a nossa presença, é claro com algumas exceções, mas o que noto é que estão bem mais calmas. Ao olhar para cima, vejo um aparelho de som e em todo o entorno da maternidade, caixas de som. O ambiente é forrado com uma lona azul, o que torna a temperatura agradável. Em seguida, para me mostrar os resultados, Adilson me convidou para ir até o escritório, chegando lá, vejo pendurado na parede os dois certificados de aprimoramento na criação de suínos. Podemos perceber que o produtor Adilson segue as recomendações para uma boa produção dos suínos, seguindo todas as etapas sugeridas por Meiriele, o manejo, a biosseguridade e o bem estar animal.
Mas como podemos identificar se o animal está em boas condições de sobrevivência? Meiriele diz que: “primeiro temos que cuidar da climatização do ambiente, pelo fato da nossa região ser uma região bem quente é importante que o local dos animais esteja sempre bem ventilado. É importante que o produtor obseve o espaço que o animal tem, esse espaço varia com tamanho do animal, na fase da gestação é importante trabalhar com baias individuais. A alimentação não suficiente, também aumenta o estresse do animal”. E conclui: “esses são fatores que contribuem para o bem estar, caso não seja cumprido certamente o animal não produzirá bem”.
Adilson realiza atualmente a inseminação artificial e o numero de leitões por porca passou de 11 leitões vivos para 14. Ele mesmo é quem realiza a inseminação, passou por diversos cursos para o aperfeiçoamento e o melhor manejo do material. Para uma melhor compreensão, anteriormente o produtor recebia cerca de R$1.001,00 com a venda das crias de uma porca, hoje ele lucra R$ 1.274,00 com a mesma fêmea. E isso está diretamente ligado ao manejo. É indispensável que tenha uma pessoa qualificada que saiba realizar o procedimento e identificar o cio. Se você não tiver um funcionário apto a fêmea vai ter um número menor de leitões. Porém a inseminação artificial, feita de forma correta, tem como resultado um número maior de leitões. A explicação para isso é que você está inseminando o animal e a certeza de que aconteceu essa fecundação é de 99,9%. A partir do momento que você opta pela monta natural, você tem que auxiliar a cobertura inteira, não tendo a certeza se houve a fecundação ou não.